Grupo Mateus perde valor de mercado com autuação bilionária da Receita Federal

De Infomoney

Equipe de análise aponta que esse parece ser mais um capítulo de uma disputa de longa data entre empresas e a Receita Federal do Brasil

As ações do Grupo Mateus (GMAT3) chegaram a cair mais de 5% na sexta-feira (09), em meio à notícia de que recebeu auto de infração da Receita Federal no valor de R$ 1,059 bilhão, fechando com perdas mais amenas. Os papéis GMAT3 encerraram a sessão com queda de 3,22%, a R$ 7,82.

A autuação se refere ao Armazém Mateus, uma das controladas do grupo, e questiona a exclusão de créditos presumidos de ICMS da base de cálculo do imposto de renda pessoa jurídica contribuição sobre lucro líquido (CSLL) da empresa entre 2014 e 2021.

Em comunicado ao mercado, o Grupo Mateus diz que sua controlada é beneficiária de subvenções concedidas pelos estados e explica que as exclusões de crédito foram feitas de acordo com a legislação.

Grupo Mateus perde valor de mercado com autuação bilionária da Receita Federal

Embora o aviso adicione risco a uma possível necessidade de provisionamento no futuro, a XP Investimentos acredita que esse não é o caso por enquanto, pois a empresa seguiu a legislação aplicável para calcular tais exclusões.

O Bradesco BBI, por sua vez, aponta que esse parece ser mais um capítulo de uma disputa de longa data entre empresas e a Receita Federal do Brasil, na qual o banco pensava que a questão havia sido resolvida com a Lei Complementar 160 e a validação de incentivos fiscais pelo Confaz em 2017 – isso antes da MP 1.185/PL 14.789 mudar tudo, começando em 2024.

Para o BBI, há incerteza sobre se todas as empresas serão afetadas na mesma proporção. “Mesmo para o Grupo Mateus, a questão está longe de ser resolvida, pois precisaria passar por todas as etapas legais antes que uma decisão final fosse emitida. Isso é um ruído fiscal adicional para o setor de varejo, que pode naturalmente aumentar a volatilidade do preço das ações no curto prazo. Esperamos uma reação negativa geral dos preços inicialmente, enquanto as empresas, o mercado e nós mesmos tentamos ter uma visão clara e consolidada sobre esse novo ruído (preocupando-nos com quaisquer novas reivindicações que estejam fora do radar)”, avalia a equipe de análise.

O BBI aponta que a constante incerteza/instabilidade no arcabouço fiscal para os varejistas listados no Brasil pode, em última análise, levar a uma desvalorização estrutural dos múltiplos e a uma menor disposição para investimento.
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