A Secretaria de Agricultura do Espírito Santo investiu mais de R$ 1 milhão para pesquisadores realizarem estudos práticos no campo e ajudarem produtores a lidar com novas pragas nas lavouras de café. Produtores do Incaper estudam como novas pragas e insetos podem afetar lavouras de café
Pesquisadores do Espírito Santo descobriram novas espécies de insetos que podem causar danos às lavouras de café. Estudos práticos tentam entender como elas podem provocar doenças e disseminar pragas nas plantações, o que levaria prejuízo ao campo.
Essas descobertas recentes, junto com outras doenças já conhecidas dos agricultores, como o cancro dos ramos e o verme do solo, ainda geram dúvidas sobre a forma adequada de proteger as lavouras.
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Por isso, pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) querem entender qual é o potencial risco que os insetos podem oferecer para os produtores.
“A Secretaria de Agricultura do estado aportou no Incaper, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) um quantitativo de mais de R$ 1 milhão para fazer pesquisas práticas aplicadas a solução em um curto espaço de tempo para o produtor. Então, a gente está nesse trabalho agora, de pesquisas. De imediato, não temos respostas como controlar, mas temos sugestões de evitar disseminação”, apontou o o pesquisador do Incaper e doutor em fitopalogia, Inorbert de Melo.
Planta de café com cancro dos ramos em produção do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
O cancro dos ramos é um fungo que deixa as folhas do café amareladas e a planta fica com o formato de uma taça. Até mesma a curvatura da folha muda e a casca se rompe. Além do café, as principais plantas hospedeiras são: banana, cacau, algodão, entre outros.
A partir desses sintomas, os produtores conseguem identificar a doença que leva à morte da planta.
Segundo o pesquisador do Incaper, o cancro dos ramos é o principal desafio fitopatológico que a cafeicultura de conilon já enfrentou.
“É uma doença recente no estado, ou seja, a gente tá no início de estudos. Ela mostra sintomas bem típicos em clones suscetíveis. Todos os clones vão manifestar a doença? Não, apenas alguns. Mas quando manifesta, alguns sintomas são bem típicos. A folha começa a ficar retorcida no sentido que você consegue ver a parte debaixo dela. Numa folha sadia você olha de qualquer ângulo e não vê a parte debaixo. A planta também começa a ficar amarelada com sintomas de deficiência nutricional”, destacou o pesquisador.
Já o verme de solo, seus principais sintomas estão na raiz, que ficam mais grossas e expõem todas as células, o que prejudica o desenvolvimento da planta e danifica o solo.
Verme do solo encontrado em produção de café no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
O pesquisador pontuou também que uma vez que o solo é infestado com esse verme, nunca mais ele vai conseguir retirar esse verme do local. Será preciso aprender a conviver com ele.
“Para ter certeza que é nematoide, obrigatoriamente o produtor vai ter que olhar as raízes da planta. No Espírito Santo existem duas espécies que são mais agressivas aos cafeeiros no Brasil. Essas duas espécies já estão presentes no estado. Para ter certeza que aquela planta está morrendo e o problema é nematoide, o produtor precisa olhar para ver se tem raízes grossas ou raízes absorventes, que são raízes mais finas que também começam a apresentar pequenos engrossamentos”, disse.
Além dessas doenças que surgiram nas plantações de café, pragas ainda sem tratamento preocupam produtores. Uma delas é a broca de ramo, um besouro que faz um furo que impede a passagem de nutrientes e água.
“A gente conhece o inseto, sabe como é o comportamento dele, mas a gente não tem ainda uma indicação de manejo”, explicou o pesquisador do Incaper e doutor em entomologia, Renan Queiroz.
Broca do ramo em plantação de café no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Tem ainda a cochonilha branca de calda, um inseto sugador que impede o desenvolvimento da planta.
“O nome cauda vem porque no final do corpo do inseto tem dois apêndices, como se fossem duas antenas. Então, é muito fácil do produtor identificar. A colchonilha é sugador de seiva e, ao sugar a planta, impede o crescimento normal”, pontuou o pesquisador.
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Colchonilha branca de cauda em plantação de café no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Os agrônomos do Incaper explicam que para as novas doenças e pragas, os estudos são recentes e, por isso, o produtor precisa ficar atento aos sinais que a planta dá, com um monitoramento constante.
“O produtor tem que ir continuamente e observar se essas pragas estão presentes e qual é o nível que está essa praga. Porque a gente fala mais da colchonilha branca de cauda que a gente teve ano passado. Como o produtor não conhecia, não sabia identificar. E quando o produtor acordou para esse problema, já estava muito grande em várias áreas do Norte do Espírito Santo até o Sul da Bahia”, destacou.
Outros insetos
Seis novas espécies de insetos foram descobertas na Região Serrana do Espírito Santo por pesquisadores do projeto “Entomofauna do Espírito Santo”, do Incaper. E acenderam o alerta dos produtores.
Até então desconhecidas pela ciência, as espécies de mirídeos (popularmente conhecidos como percevejos) foram coletadas em ambiente de Mata Atlântica, nos municípios de Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá.
Pesquisadores descobrem 6 novas espécies de insetos
Divulgação/Incaper
Elas foram descritas em artigo científico publicado neste mês, na revista internacional “Zootaxa”, editada na Nova Zelândia.
Segundo o pesquisador coordenador do estudo, David Martins, as espécies ainda não têm potencial de causar grandes danos à agricultura. Mas como são novas descobertas, mais estudos são necessários para entender o comportamento dos insetos.
“Elas são de ocorrência baixa nos ambientes, razão que até então não tinham ainda sido observadas. Por serem raras e só agora terem sido conhecidas, não sabemos as funções que elas desempenham no ambiente. Mas posso afirmar que elas não causam danos às culturas de importância econômica, pois, se assim fosse, elas já teriam sido notadas nos ambientes onde vivem, principalmente, nos agrícolas e florestais. A importância delas é mais ecológica e devem desempenhar alguma função na natureza que ainda desconhecemos. A descoberta dessas espécies pela ciência contribuem para o maior conhecimento da biodiversidade dos ambientes de Mata Atlântica do país e, sobretudo, do Estado do Espírito Santo”, afirmou.
As novas espécies pertencem a três Subfamílias da Família Miridae: Bryocorinae, Cylapinae e Deraeocorinae.
Os mirídeos desempenham papéis essenciais nos ecossistemas, atuando como predadores de insetos, pragas e vetores de viroses. Segundo o pesquisador, a descoberta dessas novas espécies pode ajudar a entender melhor as interações ecológicas e os equilíbrios nos habitats onde foram encontradas.
“No âmbito da agricultura, mirídeos predadores têm potencial como agentes de controle biológico de pragas, enquanto os fitófagos podem causar danos a culturas. Algumas espécies podem até transmitir vírus a outras plantas. Mirídeos que se alimentam de pulgões, por exemplo, ajudam a proteger plantas cultivadas. Estudos aprofundados sobre essas novas espécies podem levar ao desenvolvimento de estratégias agrícolas mais eficazes e sustentáveis”, avaliou Martins.
Além disso, vários mirídeos são sensíveis a mudanças ambientais, servindo como bioindicadores. A presença ou ausência dessas novas espécies pode refletir a qualidade do ambiente e as mudanças nos ecossistemas locais.
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Pesquisadores do Espírito Santo descobriram novas espécies de insetos que podem causar danos às lavouras de café. Estudos práticos tentam entender como elas podem provocar doenças e disseminar pragas nas plantações, o que levaria prejuízo ao campo.
Essas descobertas recentes, junto com outras doenças já conhecidas dos agricultores, como o cancro dos ramos e o verme do solo, ainda geram dúvidas sobre a forma adequada de proteger as lavouras.
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Por isso, pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) querem entender qual é o potencial risco que os insetos podem oferecer para os produtores.
“A Secretaria de Agricultura do estado aportou no Incaper, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) um quantitativo de mais de R$ 1 milhão para fazer pesquisas práticas aplicadas a solução em um curto espaço de tempo para o produtor. Então, a gente está nesse trabalho agora, de pesquisas. De imediato, não temos respostas como controlar, mas temos sugestões de evitar disseminação”, apontou o o pesquisador do Incaper e doutor em fitopalogia, Inorbert de Melo.
Planta de café com cancro dos ramos em produção do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
O cancro dos ramos é um fungo que deixa as folhas do café amareladas e a planta fica com o formato de uma taça. Até mesma a curvatura da folha muda e a casca se rompe. Além do café, as principais plantas hospedeiras são: banana, cacau, algodão, entre outros.
A partir desses sintomas, os produtores conseguem identificar a doença que leva à morte da planta.
Segundo o pesquisador do Incaper, o cancro dos ramos é o principal desafio fitopatológico que a cafeicultura de conilon já enfrentou.
“É uma doença recente no estado, ou seja, a gente tá no início de estudos. Ela mostra sintomas bem típicos em clones suscetíveis. Todos os clones vão manifestar a doença? Não, apenas alguns. Mas quando manifesta, alguns sintomas são bem típicos. A folha começa a ficar retorcida no sentido que você consegue ver a parte debaixo dela. Numa folha sadia você olha de qualquer ângulo e não vê a parte debaixo. A planta também começa a ficar amarelada com sintomas de deficiência nutricional”, destacou o pesquisador.
Já o verme de solo, seus principais sintomas estão na raiz, que ficam mais grossas e expõem todas as células, o que prejudica o desenvolvimento da planta e danifica o solo.
Verme do solo encontrado em produção de café no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
O pesquisador pontuou também que uma vez que o solo é infestado com esse verme, nunca mais ele vai conseguir retirar esse verme do local. Será preciso aprender a conviver com ele.
“Para ter certeza que é nematoide, obrigatoriamente o produtor vai ter que olhar as raízes da planta. No Espírito Santo existem duas espécies que são mais agressivas aos cafeeiros no Brasil. Essas duas espécies já estão presentes no estado. Para ter certeza que aquela planta está morrendo e o problema é nematoide, o produtor precisa olhar para ver se tem raízes grossas ou raízes absorventes, que são raízes mais finas que também começam a apresentar pequenos engrossamentos”, disse.
Além dessas doenças que surgiram nas plantações de café, pragas ainda sem tratamento preocupam produtores. Uma delas é a broca de ramo, um besouro que faz um furo que impede a passagem de nutrientes e água.
“A gente conhece o inseto, sabe como é o comportamento dele, mas a gente não tem ainda uma indicação de manejo”, explicou o pesquisador do Incaper e doutor em entomologia, Renan Queiroz.
Broca do ramo em plantação de café no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Tem ainda a cochonilha branca de calda, um inseto sugador que impede o desenvolvimento da planta.
“O nome cauda vem porque no final do corpo do inseto tem dois apêndices, como se fossem duas antenas. Então, é muito fácil do produtor identificar. A colchonilha é sugador de seiva e, ao sugar a planta, impede o crescimento normal”, pontuou o pesquisador.
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Pesquisa quer descobrir espécies de café que se adaptam em cada região para diminuir perdas por pragas e aumentar a produtividade
Seca derruba pela metade a produção de pimenta-do-reino e colheita de café está comprometida no ES
Colchonilha branca de cauda em plantação de café no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Os agrônomos do Incaper explicam que para as novas doenças e pragas, os estudos são recentes e, por isso, o produtor precisa ficar atento aos sinais que a planta dá, com um monitoramento constante.
“O produtor tem que ir continuamente e observar se essas pragas estão presentes e qual é o nível que está essa praga. Porque a gente fala mais da colchonilha branca de cauda que a gente teve ano passado. Como o produtor não conhecia, não sabia identificar. E quando o produtor acordou para esse problema, já estava muito grande em várias áreas do Norte do Espírito Santo até o Sul da Bahia”, destacou.
Outros insetos
Seis novas espécies de insetos foram descobertas na Região Serrana do Espírito Santo por pesquisadores do projeto “Entomofauna do Espírito Santo”, do Incaper. E acenderam o alerta dos produtores.
Até então desconhecidas pela ciência, as espécies de mirídeos (popularmente conhecidos como percevejos) foram coletadas em ambiente de Mata Atlântica, nos municípios de Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá.
Pesquisadores descobrem 6 novas espécies de insetos
Divulgação/Incaper
Elas foram descritas em artigo científico publicado neste mês, na revista internacional “Zootaxa”, editada na Nova Zelândia.
Segundo o pesquisador coordenador do estudo, David Martins, as espécies ainda não têm potencial de causar grandes danos à agricultura. Mas como são novas descobertas, mais estudos são necessários para entender o comportamento dos insetos.
“Elas são de ocorrência baixa nos ambientes, razão que até então não tinham ainda sido observadas. Por serem raras e só agora terem sido conhecidas, não sabemos as funções que elas desempenham no ambiente. Mas posso afirmar que elas não causam danos às culturas de importância econômica, pois, se assim fosse, elas já teriam sido notadas nos ambientes onde vivem, principalmente, nos agrícolas e florestais. A importância delas é mais ecológica e devem desempenhar alguma função na natureza que ainda desconhecemos. A descoberta dessas espécies pela ciência contribuem para o maior conhecimento da biodiversidade dos ambientes de Mata Atlântica do país e, sobretudo, do Estado do Espírito Santo”, afirmou.
As novas espécies pertencem a três Subfamílias da Família Miridae: Bryocorinae, Cylapinae e Deraeocorinae.
Os mirídeos desempenham papéis essenciais nos ecossistemas, atuando como predadores de insetos, pragas e vetores de viroses. Segundo o pesquisador, a descoberta dessas novas espécies pode ajudar a entender melhor as interações ecológicas e os equilíbrios nos habitats onde foram encontradas.
“No âmbito da agricultura, mirídeos predadores têm potencial como agentes de controle biológico de pragas, enquanto os fitófagos podem causar danos a culturas. Algumas espécies podem até transmitir vírus a outras plantas. Mirídeos que se alimentam de pulgões, por exemplo, ajudam a proteger plantas cultivadas. Estudos aprofundados sobre essas novas espécies podem levar ao desenvolvimento de estratégias agrícolas mais eficazes e sustentáveis”, avaliou Martins.
Além disso, vários mirídeos são sensíveis a mudanças ambientais, servindo como bioindicadores. A presença ou ausência dessas novas espécies pode refletir a qualidade do ambiente e as mudanças nos ecossistemas locais.
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