Nem boi, nem frango: entenda por que preço da carne de porco caiu e ficou mais competitivo no mercado

Cotação da carcaça suína fechou parcial de outubro em queda. Alta no preço de insumos e oferta limitada explica movimento, segundo levantamento da Esalq/USP em Piracicaba (SP).
Arquivo Secom
Com queda nas cotações, a competitividade da carne de porco cresceu frente a de boi e de frango, principais concorrentes, na primeira quinzena de outubro. O levantamento parcial foi feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP).
🌽A oferta limitada de carne de boi, o aumento do preço dos insumos na avicultura, como milho e farelo, e, por consequência, a queda no poder de compra do produtor estão entre as explicações para a perda de competitividade. Entenda cenário, abaixo.
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📉A pesquisa aponta que, enquanto os preços da proteína suinícola registram leves quedas, as cotações das carnes bovina e de frango se valorizam.
No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína é comercializada à média de R$ 12,98 o quilo até o dia 15 de outubro. O valor representa baixa de 0,6% na comparação com o mês anterior.
“A pressão vem da menor liquidez interna da carne, observada entre o final de setembro e a primeira semana de outubro”, ressalta o Cepea.
Desvalorização da carne de frango está relacionada ao aumento do poder de compra da população na primeira quinzena de junho.
Reprodução EPTV
Alta nos insumos
O levantamento do Cepea indica que o poder de compra de avicultores paulistas frente aos principais insumos utilizados na atividade segue em recuo em outubro, no comparativo com o mês anterior.
Segundo o estudo, a piora se deve às altas nas cotações do milho e do farelo de soja combinadas à estabilidade no preço pago pelo frango vivo.
“Frente ao milho, a relação de troca segue desfavorável pelo segundo mês consecutivo, e, para o derivado da soja, o poder de compra está diminuindo em outubro, depois de ter avançado entre julho, agosto e setembro”, explicam os pesquisadores do Cepea.
🐔 No mercado de frango, com a oferta interna de carne mais controlada, compradores estão pouco ativos na aquisição de maiores lotes de animais por parte da indústria, ainda conforme explicam pesquisadores do Cepea.
Preços da carne suína e do frango registram alta no início de agosto, conforme levantamento da USP
Reprodução/TV TEM
Boi Gordo Cepea
A oferta limitada de animais prontos para abate provocaram aumentos de preços na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. Na primeira quinzena de outubro, o Indicador do Boi Gordo Cepea fechou em R$ 299,25 no último dia 15 e acumulou alta de 9,1%.
Levantamentos do Cepea apontaram negociações em São Paulo entre R$ 291 e R$ 310, no valores à vista; já descontado o Funrural no último dia 15 de outubro.
“Negócios acima de R$ 290 têm sido captados também nos estados do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, sendo que nestes dois últimos estados há registros inclusive na casa dos R$ 300, segundo pesquisas do Cepea. No mercado de carne, a carcaça casada bovina com osso no atacado da Grande São Paulo acumulou acréscimo de 11,7% na primeira quinzena”, pontuou o Cepea.
Incêndio atinge área de mata ao lado de rodovia em Piracicaba e consome vegetação
Vanderlei Duarte/EPTV
Queimadas: entenda influência na alta da carne bovina
As queimadas enfrentadas pelo Brasil desde agosto, que atingem principalmente áreas de agropecuária, têm influência indireta na alta de 8,88% da produção de carne bovina no acumulado do mês de setembro registrada na última sexta-feira (20).
É o que aponta Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador da área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba.
Para Carvalho, a influência indireta está relacionada à alimentação do boi, advinda de algumas culturas atingidas pelas queimadas.
A alta deve ser maior no início do ano, caso a estiagem se prolongue pelos próximos meses.
“A seca vai impactar caso não tenha chuva no começo do ano e, aí, pode haver um encarecimento maior da carne”, diz o pesquisador.
Queimadas influenciam na produção pecuária
Juliana Sussai/Embrapa

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