Argentina: governo fará ‘teste de idoneidade’ com 40 mil funcionários públicos; reprovados serão demitidos

Avaliação será obrigatória para todos os trabalhadores com contratos previstos para vencer em 31 de dezembro, anunciou o porta-voz da Presidência. Medida é anunciada em meio a enxugamento do Estado pela gestão de Javier Milei. O presidente da Argentina, Javier Milei, em evento no fim de setembro
Matias Baglietto/Reuters
O governo da Argentina anunciou nesta quinta-feira (10) que irá submeter a um “teste de idoneidade” cerca de 40 mil funcionários públicos. Aqueles que não conseguirem passar serão exonerados.
Segundo o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, o teste será obrigatório para todos os funcionários do Estado com contratos previstos para vencer em 31 de dezembro.
A assinatura de contratos é uma prática habitual no setor público argentino. No país, há funcionários permanentes e outros com acordos renovados todo fim de ano.
“Será um requisito necessário, mas não suficiente. Depois, logicamente, vão definir a renovação ou não pelos parâmetros usuais de se a pessoa merece a renovação do contrato”, afirmou Adorni.
O porta-voz explicou que, nesta primeira etapa, ficarão de fora da avaliação os trabalhadores com deficiência, “já que os sistemas requerem adaptação adicional”.
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Desde que assumiu, em dezembro do ano passado, o governo do presidente Javier Milei aplica um forte ajuste fiscal que denominou de política “da motosserra”.
Isso resultou em um encolhimento do Estado, que, entre outras coisas, se traduziu na eliminação do Ministério da Mulher, no rebaixamento da pasta de Educação para o status de secretaria e na supressão de organismos como o de violência de gênero, o de luta contra a discriminação e o Instituto de Assuntos Indígenas.
Essas decisões implicaram em dezenas de milhares de demissões, multiplicadas pela decisão governamental de frear as obras públicas.
“Já demitimos 50 mil funcionários públicos e vamos demitir outros 50 mil”, anunciou Milei durante um fórum empresarial em junho.
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“Em termos de contratos, vamos acabar mandando embora 75 mil pessoas, já demitimos 25 mil”, acrescentou na ocasião.
Em um relatório apresentado no Congresso pelo chefe de Gabinete, Guillermo Francos, o governo reportou que, até junho, demitiu 26.600 funcionários da administração nacional e contratou 2.700.
Adorni não deu detalhes de como as comissões avaliadoras serão integradas ou se haverá instâncias de apelação para aqueles que não passarem na prova, que será on-line.
“Entendo que a idoneidade será avaliada em pontos elementais para cumprir as tarefas de cada posto”, disse o porta-voz, detalhando que até 2 mil testes serão aplicados por dia a partir de 1º de dezembro.
“Depois de 5, 10, 15 e até 20 anos de trabalho querem aplicar um exame? O exame deveria ser para o porta-voz”, reagiu na rede social X o secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), Rodolfo Aguiar.
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