Dólar sobe e fecha em R$ 5,72, com ata do Fed e denúncias contra Bolsonaro no radar; Ibovespa cai

A moeda norte-americana avançou 0,66%, cotada a R$ 5,7261. Já o principal índice da bolsa de valores encerrou com um recuo de 0,95%, aos 127.309 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (19), voltando ao patamar de R$ 5,72. Em mais um dia de agenda econômica com poucos indicadores, investidores repercutiram a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) — que terminou com a manutenção dos juros no patamar entre 4,25% e 4,50% ao ano.
O documento indicou que as propostas iniciais de políticas do presidente norte-americano, Donald Trump, geraram preocupação aos dirigentes do Fed em relação ao aumento da inflação. (entenda mais abaixo)
Os mercados monitoram de perto a trajetória dos juros americanos porque influenciam diretamente na rentabilidade dos títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo.
Taxas de juros maiores elevam a rentabilidade dos títulos, favorecendo o dólar em detrimento de outras moedas. Por outro lado, os juros baixos estimulam investimentos em outros ativos considerados menos seguros, mas com maior rentabilidade.
No Brasil, apesar da agenda econômica esvaziada, o cenário político fica no radar dos investidores após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Em meio a decretos de Trump elevando tarifas, veja principais itens do comércio entre Brasil e EUA e as tarifas cobradas
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Ao final da sessão, o dólar avançou 0,66%, cotado a R$ 5,7261. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7321. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,54% na semana;
recuo de 1,90% no mês; e
perdas de 7,34% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,41%, cotada a R$ 5,6887.

a
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um recuo de 0,95%, aos 127.309 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,71% na semana;
ganho de 0,93% no mês;
alta de 5,84% no ano.
Na véspera, o índice teve baixa de 0,02%, aos 128.532 pontos.

O que está mexendo com os mercados?
O grande destaque da semana fica com a ata da reunião de janeiro do Fed, divulgada nesta quarta-feira. Na ocasião, o comitê manteve inalterada a taxa básica de juros do país, na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano.
O documento indicou que as propostas feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump em seus primeiros dias de governo já trouxeram preocupações sobre uma eventual alta da inflação no país, com empresas dizendo ao BC dos EUA que, em geral, esperam aumentar os preços para repassar aos consumidores os custos das tarifas de importação.
“Em particular, os participantes citaram os possíveis efeitos de potenciais mudanças na política comercial e de imigração, a possibilidade de que os acontecimentos geopolíticos perturbem as cadeias de suprimentos ou gastos das famílias mais fortes do que o esperado”, diz a ata.
Os dirigentes do Fed ainda destacaram que alguns indicadores de expectativas de inflação, uma das maiores preocupações da instituição, “haviam aumentado recentemente”, reforçando a leitura de que o BC norte-americano deve manter os juros elevados por mais tempo.
A inflação anual nos EUA atingiu 3,0% em janeiro, enquanto a meta do Fed é de 2,0%, os preços continuam sendo pressionados por um mercado de trabalho resiliente, com baixa taxa de desemprego, e a economia aquecida — o que gera maior demanda por bens e serviços e gera inflação.
Nesse sentido, o mercado também continua de olho nos efeitos das diversas tarifas de importação impostas por Trump. Na noite da última terça-feira (18), por exemplo, o presidente norte-americano anunciou uma nova tarifa de 25% para os automóveis importados que chegarem aos EUA.
Nesta terça, a presidente do Fed de SãoFrancisco, Mary Daly, disse que o BC dos EUA deve manter os custos dos empréstimos no nível em que estão até que o progresso da inflação seja mais visível.
“A política monetária precisa permanecer restritiva até… eu ver que estamos realmente continuando a progredir em relação à inflação”, disse, em uma conferência de bancos comunitários organizada pela American Bankers Association.
Cenário político doméstico
Sem grandes destaques na agenda brasileira, o destaque do pregão fica com o cenário político, com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoa por tentativa de golpe.
As denúncias contra o ex-presidente são pelos crimes de:
liderança de organização criminosa armada;
tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
golpe de Estado;
dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união;
deterioração de patrimônio tombado.
Além disso, a PGR afirmou que Bolsonaro foi o líder da organização que tentou derrubar a democracia no Brasil.
Caso a denúncia seja aceita pelo STF, o ex-presidente se tornará réu e responderá a um processo penal no Supremo. Segundo o blog da Andréia Sadi, ministros do STF pretendem julgar Bolsonaro ainda em 2025, na tentativa de evitar contaminar o processo eleitoral de 2026, quando haverá uma nova eleição para a Presidência da República.
O mercado reage às denúncias com incertezas sobre a possibilidade de Bolsonaro ser preso ou não e o que isso poderia significar para a política brasileira, explica o analista de investimentos Vitor Miziara.

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