Fed reduz o ritmo e corta juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, para faixa de 4,50% a 4,75%

Essa é a segunda redução seguida das taxas básicas norte-americanas, mas o corte foi menor do que o observado na reunião passada. Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020)
Kevin Lamarque / Reuters
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) voltou a cortar os juros do país nesta quinta-feira (7). A decisão foi por uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,50% e 4,75%.
O corte foi menor do que o observado na reunião passada, quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu diminuir os juros em 0,50 p.p., após passar quatro anos sem realizar ajustes nas taxas. A redução também deve ter efeitos no Brasil. (veja mais abaixo)
A decisão veio em linha com as expectativas do mercado. Em entrevista a jornalistas, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a atividade econômica continuou a expandir em ritmo sólido, reforçando que apesar de a inflação norte-americana ter caminhado para a meta de 2%, continua em patamares elevados.
Segundo Powell, o Fed continuará a avaliar os novos dados econômicos que surgirem para tomar suas próximas decisões de política monetária.
“Em dezembro e em todas as reuniões, nós olharemos para os novos dados econômicos e como eles afetam a perspectiva para a atividade do país”, afirmou Powell.
“Queremos estar no meio do caminho, de maneira que conseguimos manter a força do mercado de trabalho e continuamos a ter progresso na inflação”, completou.
Essa foi a primeira reunião do Fomc após as eleições presidenciais norte-americanas, que voltaram a colocar o republicano Donald Trump como chefe de Estado da maior economia do mundo.
Diante desse cenário, a leitura é de que a incerteza sobre quais serão os efeitos da gestão de Trump na economia dos Estados Unidos (entenda mais abaixo) também podem afetar as decisões do Fed à frente.
“As perspectivas econômicas são incertas e o comitê está atento aos riscos”, disse o Fomc em nota, destacando que está preparado para ajustar a política monetária caso necessário.

Efeito ‘Trump’ na economia dos EUA
A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos já era precificada pelo mercado, mas aumenta as preocupações sobre os efeitos da agenda econômica conservadora e protecionista que o republicano deve carregar durante seu mandato.
Entre as propostas de seu plano econômico, por exemplo, está a elevação de tarifas para produtos importados — incluindo uma guerra comercial com a China — e o corte de impostos no país, além da promessa de reduzir a inflação e do endurecimento das regras de imigração.
Essas medidas são vistas como inflacionárias pelo mercado e podem — além de trazer impactos para a economia de outros países — obrigar o Fed a manter os juros elevados para conter um eventual aumento de preços. Entenda na reportagem abaixo:
Trump eleito: o que esperar da agenda econômica do próximo presidente dos Estados Unidos
Powell se recuou a responder quando questionado se havia alguma preocupação por parte do Fed a respeito dos efeitos do plano econômico de Trump na atividade dos Estados Unidos, mas negou que sairia do cargo caso Trump assim o ordenasse.
“Não é permitido por lei [que um presidente demita um presidente do Fed ou qualquer outro governador do BC dos EUA com posição de liderança]”, disse.
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Reflexos no Brasil
A decisão do Fed veio apenas um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil ter acelerado o ritmo de altas por aqui. Na véspera, o colegiado subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 p.p., para 11,25% ao ano.
A decisão do Copom representa a maior alta dos juros básicos brasileiros desde maio de 2022. Em comunicado, o colegiado afirmou que acompanha “com atenção” o desenrolar do quadro fiscal brasileiro e não deixou passar batido as incertezas em relação à economia dos Estados Unidos.
“O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Banco Central americano]”, disse o Copom em comunicado divulgado após a decisão.
Apesar de o corte das taxas por parte do Fed ter vindo um dia depois da decisão do Copom, a expectativa é que o quadro de juros norte-americanos continue a refletir no cenário brasileiro.
De um lado, a redução no ritmo de cortes por lá também significa juros mais altos nos Estados Unidos por mais tempo. Na prática, isso faz com que o rendimento das Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) continue elevado e siga atrativo para investidores estrangeiros.
Para o Brasil, além de indicar uma possível redução de investimentos estrangeiros direcionados para cá, esse quadro também tende a fortalecer o dólar em relação a outras moedas, incluindo o real.
O dólar em níveis elevados, por sua vez, aumenta a pressão sobre a inflação brasileira, o que pode acabar refletindo no ciclo de alta de juros que o Copom tem feito por aqui.

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