Haddad diz que governo vai editar MP para aumentar arrecadação e ‘recalibrar’ decreto do IOF

Equipe econômica e representantes do Congresso tentam consenso em relação ao aumento do tributo anunciado pelo governo há pouco mais de duas semanas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu neste domingo (8) com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de líderes partidários para apresentar medidas alternativas à alta do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
A reunião começou por volta das 18h na Residência Oficial da Câmara, no Lago Sul, em Brasília, e terminou pouco depois das 23h.
Por volta das 23h27 Haddad e Motta deram declaração à imprensa. Haddad classificou a reunião como “extraordinária” e “histórica”.
Sem dar muitos detalhes, Haddad disse que discutiu com os parlamentares tributação de títulos isentos e mudanças no decreto do IOF com parlamentares.
O ministro afirmou que vai aguardar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltar de viagem da França para comunicar o que ficou acordado na reunião.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, também classificou como positiva a conversa.
“O governo, atendendo essa posição do presidente do Senado e do presidente da Câmara, representando as duas casas, hoje trouxe essa alternativa onde o decreto será refeito com uma calibragem, diminuindo de forma significativa os seus efeitos. Será anunciado pelo governo com a volta do presidente da República”, afirmou Motta.
“E para resolver a situação das contas públicas o governo apresenta uma medida provisória, que na nossa avaliação, ela traz uma compensação financeira para o governo, mas muito menos danosa que a continuidade do decreto do IOF como foi proposto de forma inicial”, prosseguiu.
Haddad se reúne com Motta, Alcolumbre e líderes partidários para apresentar alternativas à alta do IOF
Congresso e Executivo buscavam um consenso sobre o assunto. Com a alta do IOF, a equipe econômica previa arrecadar, somente neste ano, R$ 20 bilhões.
Reação negativa
O anúncio, feito após um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) há pouco mais de duas semanas, causou forte reação do mercado e do Congresso. Foram apresentadas mais de 20 propostas para derrubar o decreto nas duras Casas (entenda mais abaixo).
Esse movimento fez com que o governo recuasse em parte da medida. Horas após o anúncio, o governo revogou o IOF mais alto sobre aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior, o que deve reduzir o potencial arrecadatório em cerca de R$ 1,4 bilhão.
Em uma tentativa de arrefecer a tensão, Haddad chegou a se reunir anteriormente com Motta e Alcolumbre para tratar do assunto.
No encontro, realizado em 28 de maio, os presidentes das duas Casas deram um prazo de dez dias para que o Planalto apresentasse alternativas à alta do tributo. Os congressistas ainda cobraram soluções “estruturantes”.
Haddad afirmou ter dito a Motta e Davi Alcolumbre que a manutenção do decreto era necessária para manter o funcionamento da máquina pública.
Neste sábado, o presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que espera que a decisão seja tomada ainda neste domingo, após uma reunião. Contudo, não descartou pautar projeto que derruba a alta do IOF.
Haddad e Hugo Motta dão entrevista coletiva à imprensa
Marina Ramos/Câmara dos Deputados
Derrubada de decreto
Em pelo menos 25 anos, o Congresso Nacional nunca usou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar um decreto presidencial.
🔎Um PDL é a ferramenta que autoriza o Congresso a derrubar atos normativos do Executivo. O instrumento é bastante raro e tido como grande derrota para o governo.
– Esta reportagem está em atualização
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