Lula sanciona LDO 2025, mas veta trechos que blindavam emendas e ampliavam Fundo Partidário

Governo apontou risco de descontrole dos gastos para vetar medidas que poderiam comprometer equilíbrio fiscal. Vetos ainda podem ser derrubados pelo próprio Congresso. Veja no vídeo mais detalhes sobre a versão da LDO que foi aprovada pelo Congresso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta terça-feira (31) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 – texto que serve de base para a elaboração do orçamento federal de 2025.
Lula, no entanto, vetou 35 trechos da proposta. Entre os principais vetos, estão:
trechos da LDO que tentavam “blindar” as emendas parlamentares – ou seja, impedir que o governo bloqueasse ou contingenciasse esses valores ao longo do ano;
o trecho que fazia o Fundo Partidário crescer no mesmo ritmo da arrecadação federal.
Para vetar o crescimento do Fundo Partidário, o governo afirmou que a regra não condiz com um “regime fiscal sustentável”, ou seja, com a tentativa do Executivo de equilibrar receitas e despesas – expressa, por exemplo, nas regras do arcabouço fiscal.
Lula também vetou que o governo ficasse obrigado a emitir relatórios trimestrais para monitorar a execução do orçamento. Segundo o veto, essa medida poderia gerar gastos adicionais ao governo e seria redundante com outros relatórios de transparência já emitidos.
Os vetos de Lula voltam à análise do Congresso Nacional. Em sessão conjunta, que ainda não tem data, deputados e senadores podem restaurar esses trechos e reinserí-los na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Para isso, é preciso maioria nas duas Casas.
Veja outros vetos do presidente:
Obras em rodovias: Lula vetou a destinação de recursos federais para rodovias estaduais e municipais e para a malha hidroviária. Segundo o governo, isso extrapola as competências da União e comprometeria a manutenção de rodovias federais
Dívidas com a União: Também foi vetada a regra que permitia a Estados, Distro Federal e Municípios abaterem dívidas com a União utilizando recursos transferidos para obras. A justificativa é que tal compensação deve ser feita por lei complementar, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal.
BNDES: O dispositivo que restringia o financiamento do BNDES para exportação de bens e serviços de engenharia para países que não estão em dia com o banco foi vetado. O governo diz que isso reduziria a competitividade da indústria brasileira e que já existem normativas internas para inadimplentes.
Transporte de pets: Lula também vetou a destinação de 10% dos recursos do Fundo Nacional da Aviação Civil para as companhias aéreas melhorias no rastreamento de bagagens e animais em transporte pelas companhias aéreas. A justificativa é que as prioridades do fundo são estabelecidas anualmente pelo Comitê Gestor.
Atas da JEO: O dispositivo que exigia a divulgação das atas das reuniões da Junta de Execução Orçamentária em até cinco dias úteis foi vetado. Formado pelos ministros da Casa Civil, Fazenda e Planejamento, o órgão é responsável pelo assessoramento direto a Lula na condução da política fiscal. O argumento é que a divulgação poderia revelar documentos preparatórios sobre política econômica antes mesmo da divulgação das próprias decisões do governo sobre os temas.
Governo começa 2025 sem orçamento aprovado
A essa altura do ano, pelo cronograma convencional, o próprio orçamento do próximo ano já deveria ter sido aprovado pelo Congresso e sancionado por Lula, mas isso não aconteceu.
Por isso, a partir desta quarta-feira (1º), o governo começará a executar o orçamento de 2025 sem ter planilhas aprovadas. Ficará restrito a usar 1/12 (um doze avos) do valor total para o ano previsto na LDO para pagar despesas obrigatórias e emergenciais.
Na prática, essa restrição orçamentária pode até ser positiva para o governo Lula – que vem lutando, desde a posse há dois anos, para reduzir os gastos públicos e cumprir a meta de equilibrar receitas e despesas.
O Orçamento de 2025 só deve ser votado quando o Congresso retomar os trabalhos, em fevereiro, após a eleição de novos presidentes para a Câmara e para o Senado.
Os parlamentares até poderiam se reunir de forma extraordinária em janeiro para votar o tema, mas Executivo e Legislativo não deram qualquer sinal até o momento de que haja interesse nesse sentido.
O relator da Comissão Mista do Orçamento, senador Angelo Coronel (PSD-BA), nem sequer apresentou um parecer final sobre o Orçamento de 2025 até esta terça. E justificou a demora com ajustes que, provavelmente, teriam que ser feitos com a aprovação do pacote de corte de gastos.
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