Melhoramento genético eleva competitividade de rebanho no interior do Maranhão

Com um rebanho superior a 10 milhões de cabeças, o Maranhão se destaca como o segundo estado nordestino na criação de gado bovino, com a pecuária representando uma das cadeias importantes para a economia estadual. Segundo dados do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC), a partir do censo 2022, a produção de origem animal maranhense registrou um crescimento percentual 32,6% superior ao ano anterior, com tendência de crescimento e valorização crescente.

Nesse cenário, onde a demanda por competitividade e qualidade cresce rapidamente, pequenos produtores maranhenses estão recorrendo à tecnologia para modernizar e valorizar a pecuária familiar. Programas como o Sebraetec e o Agronordeste têm sido essenciais, capacitando os produtores para o uso de técnicas de melhoramento genético, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e a Fertilização In Vitro (FIV). Esse passo é considerado fundamental para  aprimorar tanto a produtividade quanto a qualidade genética dos rebanhos.

Ao todo, já são 10 bezerros nascidos como resultado da FIV realizar na propriedade.

Histórias de sucesso

Robson Alves Carvalho, um dos beneficiários desse apoio, é produtor em Amarante, cidade distante 687 quilômetros da capital, e cliente da Unidade de Negócios do Sebrae em Grajaú. Ele relata os avanços que o melhoramento genético trouxe para sua produção. “Eu sempre tive receio de apostar na IATF e na FIV, porque são processos caros e complexos. Mas com o apoio do Sebrae, que trouxe conhecimento e suporte financeiro, senti segurança para inovar. Hoje, nosso gado é de uma qualidade que eu não imaginava antes, e isso aumenta muito o valor de mercado e a competitividade dos nossos produtos”, explica Robson.

Nos oito municípios atendidos pela regional do Sebrae de Grajaú, a adesão dos produtores às soluções do Sebraetec tem crescido expressivamente. Em 2023, foram realizados 11 atendimentos em IATF e quatro em FIV. Em 2024. Esses números quase dobraram este ano, com 19 atendimentos de IATF e oito de FIV, demonstrando o crescente interesse dos produtores locais em melhorar seus rebanhos. Em todo o estado, o Sebraetec contabiliza 179 atendimentos em IATF e 36 em FIV na pecuária bovina, o que evidencia o entusiasmo dos produtores com as novas tecnologias e com os impactos positivos do Sebraetec.

A gestão reprodutiva permite melhores padrões genéticos e maior eficiência na pecuária.

IATF e FIV: o que são e por que são tão importantes para os pequenos produtores?

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma técnica que aumenta a eficiência reprodutiva, reduzindo o intervalo entre partos e identificando problemas de fertilidade, enquanto a Fertilização In Vitro (FIV) possibilita a geração de embriões geneticamente superiores, transferidos para vacas receptoras. Com isso, o pequeno produtor consegue melhorar a produtividade e obter um rebanho com maior valor comercial.

“É uma vantagem não só para o produtor, mas também para os consumidores e para a economia local”, afirma Robson. Conforme o IMESC, o Maranhão detém o segundo maior rebanho bovino do Nordeste, com 9,4 milhões de cabeças de gado e uma produção de leite avaliada em R$ 736,6 milhões. Nesse cenário, o melhoramento genético representa um avanço significativo na competitividade.

O gerente da Unidade de Negócios do Sebrae em Grajaú, André Veras, destaca que os produtores locais, ao investir na qualidade genética, conseguem agregar mais valor ao rebanho e expandir seu acesso ao mercado. “Esse trabalho se estende para todos os municípios, buscando melhorar a qualidade do rebanho, aprimorar a genética e, com isso, elevar a produtividade, reduzir custos e encurtar o ciclo produtivo. Dessa forma, os animais atingem o ponto de abate e comercialização mais rápido, o que traz sustentabilidade financeira para o produtor”, explica André Veras.

Soluções para inovação

O Sebraetec facilita o acesso dos pequenos produtores a serviços tecnológicos e inovação, conectando-os a soluções antes restritas a grandes empresas do setor. O programa permite que os pecuaristas participem com apenas 30% dos custos iniciais do melhoramento genético, o que viabiliza o acesso à tecnologia avançada. “O Sebraetec me deu confiança para tentar. Hoje, sou um exemplo em Amarante e estou passando a genética melhorada para os vizinhos”, comenta Robson.

Com o suporte do programa Agronordeste, o Sebrae intensifica a capacitação e promove uma melhor comunicação entre produtores e consumidores, aumentando a produtividade e a rentabilidade dos pequenos pecuaristas. Desde 2019, o Agronordeste já beneficiou mais de 2.628 pequenos produtores no Maranhão, com 3.196 atendimentos, abrangendo cadeias produtivas como a bovinocultura de leite e corte, a ovinocaprinocultura e a aquicultura.

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