Privatização da Sabesp: governo de SP levanta mais R$ 7,9 bilhões com venda de ações

Preço definido por papel é de R$ 67. Liquidação está prevista para a próxima segunda-feira (22). Caixas de tratamento de água da Sabesp no estado de São Paulo.
Divulgação/Sabesp
O preço e o volume final das ações da Sabesp reservadas durante o processo de privatização da companhia de saneamento foram revelados nesta quinta-feira (18). Ao todo, a venda de 17% dos papéis da empresa rendeu R$ 7,9 bilhões ao governo de São Paulo.
O preço definido por ação foi de R$ 67 — mesmo valor negociado com a Equatorial Participações e Investimentos, investidor estratégico da Sabesp, que já tinha adquirido 15% dos papéis por um total de R$ 6,9 bilhões. (leia mais abaixo)
Somadas, as vendas totais, que correspondem a 32% das ações da companhia, resultaram em R$ 14,8 bilhões para os cofres do governo paulista.
Os valores divulgados nesta quinta se referem ao chamado “follow-on”, que é a oferta secundária de ações de uma empresa e modelo escolhido para privatizar a Sabesp. A previsão é que a liquidação da oferta pública ocorra na próxima segunda-feira (22).
Os investidores interessados tiveram do dia 1º a 15 de julho para reservar 17% das ações da companhia. Pessoas físicas também puderam participar.
Ao longo da pré-venda, as buscas totais pelos papéis mobilizaram R$ 187 bilhões de investidores interessados em concorrer a um pedaço da empresa.
A soma das vendas também coloca a desestatização da Sabesp como a maior oferta pública de ações do ano no país.
Conforme mostrou o g1, a principal forma de adquirir ações da Sabesp durante a privatização foi por meio da reserva de papéis — processo simples que pôde ser realizado por meio da conta do investidor em qualquer corretora de valores.
No portal das corretoras, os interessados puderam procurar pela opção de “ofertas públicas” e escolher a Sabesp sob o código SBSP3.
No momento da reserva, no entanto, ainda não havia a definição do preço da ação da empresa. Os valores foram divulgados justamente nesta quinta-feira, alguns dias após o encerramento do período de reservas.
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Como funciona a definição?
Ao reservar as ações, o investidor precisou indicar duas informações: o valor financeiro disposto a investir e o preço máximo que aceitaria pagar por ação.
O primeiro item se refere à quantia que o investidor queria desembolsar nas ações (como R$ 500, por exemplo).
Já o segundo se trata do quanto ele queria pagar por cada papel (como R$ 50 para cada, no máximo).
Assim sendo: se o preço de cada ação tivesse ficado em R$ 50, o investidor passaria a deter 10 papéis da companhia com os R$ 500 indicados na reserva, por exemplo.
No caso da Sabesp, a Equatorial pagou cerca de R$ 67 por cada ação que adquiriu.
Marcos Duarte, analista da Nova Futura Investimentos, destaca que as ações da companhia de saneamento estão cotadas atualmente na casa de R$ 82. Segundo ele, esse é o valor considerado justo no mercado, já que há um consenso entre compradores e vendedores.
“O ‘desconto ofertado’ em R$ 67 pela Equatorial é baseado em modelos de avaliação da empresa — o que, na prática, tende a ser uma oportunidade para investidores que buscam aplicações mais seguras”, diz, ressaltando a “solidez na eficiência das operações” da Sabesp.
Fatias das ações
Na última terça-feira (16), a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou que o fundo de investimentos Equatorial cumpriu com as exigências previstas na oferta pública inicial e, assim, adquiriu o bloco prioritário de 15% das ações da Sabesp.
O grupo, que foi a único a apresentar proposta de compra, topou desembolsar R$ 6,9 bilhões pela fatia da companhia.
A mudança na composição da Sabesp faz parte da decisão do governo paulista de diminuir sua participação acionária na empresa — ou seja, privatizar a companhia de saneamento. O Executivo paulista tinha 50,3% dos papéis e decidiu ficar com apenas 18%.
A venda, portanto, foi de 32% das ações, sendo 15% para o grupo Equatorial e 17% para investidores, incluindo pessoas físicas. Os outros 49,7% dos papéis já eram listados em bolsa de valores.
Veja no vídeo abaixo:
Governo de SP vai manter 18% das ações da Sabesp após privatização
Projeções iniciais do governo davam conta de que até 220,5 milhões de ações seriam vendidas ao longo das negociações.
O processo de privatização da companhia passou por tramitações na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara Municipal da capital paulista, que incluíram contestações na Justiça.
Apesar de a Equatorial ter sido o único grupo interessado ao se tornar investidor de referência, a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, comemorou a escolha da empresa.
“A Equatorial é uma empresa multi-utilities, com reputação no mercado e capacidade de investimento que certamente auxiliarão para que consigamos atingir os objetivos da desestatização”, disse a secretária.
Privatização
O projeto que autorizou a privatização da Sabesp foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo em dezembro de 2023. Na capital, a privatização foi aprovada na Câmara Municipal em 2 de maio deste ano.
Atualmente, metade das ações da empresa está sob controle privado, sendo que parte é negociada na B3 e parte na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos.
Em 2022, a empresa registrou um lucro de R$ 3,1 bilhões. Desse montante, 25% foram revertidos como dividendos aos acionistas e R$ 2,4 bilhões destinados a investimentos.
Atendendo 375 municípios com 28 milhões de clientes, o valor de mercado da empresa chegou, em 2022, a R$ 39,1 bilhões.
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