Galípolo ocupa hoje o posto de diretor de Política Monetária do BC. A indicação, feita pelo presidente Lula, foi bem recebida pelo mercado financeiro, mas há um amplo entendimento de que existem muitos desafios à frente A sabatina do economista Gabriel Galípolo, escolhido para o cargo de presidente do Banco Central (BC), está marcada para esta terça-feira (8), a partir das 10h, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Após essa etapa, o plenário da Casa deve votar no mesmo dia a indicação, feita em agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta segunda, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebeu em sua casa Galípolo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA).
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília, nesta quarta-feira, 28 de agosto de 2024. Haddad confirmou a indicação de Galípolo para a presidência da instituição, mas evitou estimar uma data para quando ocorrerá sua sabatina. De acordo com o ministro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já chegou a discutir o assunto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
O economista, se aprovado pelo Senado, vai assumir em 2025, no lugar de Roberto Campos Neto, que atualmente é quem comanda o órgão e cujo mandato acaba no fim deste ano.
Galípolo ocupa hoje o posto de diretor de Política Monetária do BC.
Campos Neto, escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda na gestão passada, é alvo de sucessivas críticas do presidente Lula. O petista chegou a chamá-lo de “adversário” por conta da desvalorização do real frente ao dólar.
O Banco Central tem autonomia do governo. Desta forma, quem comanda o órgão, mesmo sendo indicado pelo presidente da República, assim como os diretores da instituição, cumprem mandatos. É tarefa do BC garantir estabilidade do sistema financeiro, amenizando a variação dos preços e da taxa de desemprego.
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A sabatina serve para que os senadores avaliem a capacidade técnica e a isenção do indicado para assumir o posto. Na reunião da comissão, os parlamentares devem questionar Galípolo sobre como ele vai trabalhar para combater a inflação e se tomará decisões de forma independente ou influenciado pelo Palácio do Planalto.
No plenário, o nome é aprovado se receber a maioria dos votos dos presentes na sessão — maioria simples. A votação é secreta.
Nesta segunda (7), o relator da indicação, Jaques Wagner, apresentou parecer em que afirma que Galípolo tem as condições necessárias para concorrer a vaga e é capacitado para a função.
Segundo o relatório, Galípolo declarou não possuir familiares em cargos públicos relacionados à atividade do BC, não ser sócio de empresas nem responder processos na Justiça.
“O seu currículo revela o alto nível de qualificação profissional, a sua larga experiência em cargos públicos e a sua sólida formação acadêmica, com a devida capacitação em assuntos econômico-financeiros. Esta comissão fica, desta forma, em condições de deliberar sobre a indicação do senhor Gabriel Muricca Galípolo para ser conduzido ao cargo de presidente do Banco Central do Brasil”, diz o documento.
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Desafios à frente do BC
A indicação foi bem recebida pelo mercado financeiro. Mas há um amplo entendimento de que existem muitos desafios à frente, e conquistar a confiança dos agentes econômicos não será um processo simples.
Além de se provar um nome independente — ou seja, que não irá tomar decisões influenciado pelo poder Executivo —, o futuro chefe do BC terá que trabalhar no combate à inflação sem deixar de lado os efeitos prejudiciais que a taxa básica de juros pode causar à economia.
A taxa Selic está, atualmente, em 10,75% ao ano, valor alto e que é usado como referência por bancos e instituições financeiras para, por exemplo, balizar a oferta de crédito.
Quanto mais elevada a taxa, mais caro fica para pessoas e empresas tomarem crédito — o que diminui investimentos e o consumo das famílias. Em geral, esse ciclo se reflete na economia do país com uma atividade econômica mais fraca.
Quanto mais baixa a taxa, mais a economia se aquece, em um momento que o mercado de trabalho já está bastante preenchido e a inflação encostou em 4,50% na janela de 12 meses, teto da meta que o BC deve perseguir.
Os desafios da condução de Galípolo à frente do BC vão, portanto, muito além do controle da Selic. As decisões se refletem em dados de desemprego, inflação, PIB, dólar e, principalmente, inflação.
Trajetória
Galípolo atuou na campanha de Lula à Presidência da República e na equipe de transição de governo. No ano passado, foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, a função mais importante da pasta depois da do ministro.Em julho, exerceu momentaneamente a Presidência do BC, nas férias de Campos Neto. É mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), onde também é professor.
É professor do MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em parceria com a London School of Economics and Political Science.
Em 2007, o economista foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. E, no ano seguinte, diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado.
Após essa etapa, o plenário da Casa deve votar no mesmo dia a indicação, feita em agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta segunda, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebeu em sua casa Galípolo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA).
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília, nesta quarta-feira, 28 de agosto de 2024. Haddad confirmou a indicação de Galípolo para a presidência da instituição, mas evitou estimar uma data para quando ocorrerá sua sabatina. De acordo com o ministro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já chegou a discutir o assunto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
O economista, se aprovado pelo Senado, vai assumir em 2025, no lugar de Roberto Campos Neto, que atualmente é quem comanda o órgão e cujo mandato acaba no fim deste ano.
Galípolo ocupa hoje o posto de diretor de Política Monetária do BC.
Campos Neto, escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda na gestão passada, é alvo de sucessivas críticas do presidente Lula. O petista chegou a chamá-lo de “adversário” por conta da desvalorização do real frente ao dólar.
O Banco Central tem autonomia do governo. Desta forma, quem comanda o órgão, mesmo sendo indicado pelo presidente da República, assim como os diretores da instituição, cumprem mandatos. É tarefa do BC garantir estabilidade do sistema financeiro, amenizando a variação dos preços e da taxa de desemprego.
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A sabatina serve para que os senadores avaliem a capacidade técnica e a isenção do indicado para assumir o posto. Na reunião da comissão, os parlamentares devem questionar Galípolo sobre como ele vai trabalhar para combater a inflação e se tomará decisões de forma independente ou influenciado pelo Palácio do Planalto.
No plenário, o nome é aprovado se receber a maioria dos votos dos presentes na sessão — maioria simples. A votação é secreta.
Nesta segunda (7), o relator da indicação, Jaques Wagner, apresentou parecer em que afirma que Galípolo tem as condições necessárias para concorrer a vaga e é capacitado para a função.
Segundo o relatório, Galípolo declarou não possuir familiares em cargos públicos relacionados à atividade do BC, não ser sócio de empresas nem responder processos na Justiça.
“O seu currículo revela o alto nível de qualificação profissional, a sua larga experiência em cargos públicos e a sua sólida formação acadêmica, com a devida capacitação em assuntos econômico-financeiros. Esta comissão fica, desta forma, em condições de deliberar sobre a indicação do senhor Gabriel Muricca Galípolo para ser conduzido ao cargo de presidente do Banco Central do Brasil”, diz o documento.
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Desafios à frente do BC
A indicação foi bem recebida pelo mercado financeiro. Mas há um amplo entendimento de que existem muitos desafios à frente, e conquistar a confiança dos agentes econômicos não será um processo simples.
Além de se provar um nome independente — ou seja, que não irá tomar decisões influenciado pelo poder Executivo —, o futuro chefe do BC terá que trabalhar no combate à inflação sem deixar de lado os efeitos prejudiciais que a taxa básica de juros pode causar à economia.
A taxa Selic está, atualmente, em 10,75% ao ano, valor alto e que é usado como referência por bancos e instituições financeiras para, por exemplo, balizar a oferta de crédito.
Quanto mais elevada a taxa, mais caro fica para pessoas e empresas tomarem crédito — o que diminui investimentos e o consumo das famílias. Em geral, esse ciclo se reflete na economia do país com uma atividade econômica mais fraca.
Quanto mais baixa a taxa, mais a economia se aquece, em um momento que o mercado de trabalho já está bastante preenchido e a inflação encostou em 4,50% na janela de 12 meses, teto da meta que o BC deve perseguir.
Os desafios da condução de Galípolo à frente do BC vão, portanto, muito além do controle da Selic. As decisões se refletem em dados de desemprego, inflação, PIB, dólar e, principalmente, inflação.
Trajetória
Galípolo atuou na campanha de Lula à Presidência da República e na equipe de transição de governo. No ano passado, foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, a função mais importante da pasta depois da do ministro.Em julho, exerceu momentaneamente a Presidência do BC, nas férias de Campos Neto. É mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), onde também é professor.
É professor do MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em parceria com a London School of Economics and Political Science.
Em 2007, o economista foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. E, no ano seguinte, diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado.
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