Divulgação | Shineray
É inegável que a Shineray vem ganhando cada vez mais espaço no mercado nacional. A fabricante saltou de uma participação de mercado de 2,88% em fevereiro de 2024 (na quarta posição no ranking da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores, Fenabrave) para 5,58% (terceira colocação) em fevereiro deste ano.
E isso se deve não somente ao momento positivo da indústria de motocicletas, mas também à vinda de novos modelos para o Brasil. Como ocorreu com a Storm 200, que foi lançada no início do segundo semestre de 2024 para ser uma moto coringa no portfólio da Shineray.
Ela traz características de dois segmentos distintos (Street e Trail) e, com isso, tenta satisfazer um consumidor que procura estilo por um preço mais acessível.
Desde seu lançamento em agosto de 2024, o preço da Storm 200 subiu R$ 2.600 devido à variação do câmbio, já que a motocicleta é montada no Brasil, mas seu kit é importado da China.
Agora, com um preço que gira em torno de R$ 21.590, a Storm 200 vem com um custo semelhante ao de motos como a Honda Bros e a Yamaha Crosser, que possuem motores de 160 e 150 cilindradas respectivamente.
A moto da Shineray tem 20 cv de potência, enquanto Bros e Crosser têm 14 cv e 12 cv. Mas será que essa potência extra, por um preço semelhante, é suficiente para arrancar consumidores de marcas tradicionais como Honda e Yamaha?
Apesar do ganho de participação no mercado, a fabricante parece ter um longo caminho pela frente, já que o novo modelo não aparece nem mesmo entre as dez mais vendidas tanto no segmento City quanto no Trail — o que indica pouca penetração no mercado.
As diferenças entre motos Trail, City e Crossover
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Storm 200: uma crossover
A combinação de configurações de altura do assento e tamanho de rodas iguais as dos modelos City, e do posicionamento de pilotar e design das Trail, a Storm 200 é um bom exemplo de “crossover” no mundo das motos.
O termo define um veículo que combina características de diferentes tipos — mistura que é claramente vista na nova moto da Shineray.
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Apesar de sua aparência agressiva lembrar modelos de maior cilindrada, como as Trail da BMW, por exemplo, essa impressão se desfaz ao subir na Shineray Storm. A moto é de fácil acesso, com um assento confortável e um encaixe imediato. O garupa, porém, pode sofrer em viagens longas devido ao banco mais duro e pequeno.
Os comandos são intuitivos, e em poucos segundos é possível localizar os botões de seta, buzina e faróis. O painel à frente do piloto é simples e oferece poucas informações, com algumas opções de cores para o fundo. No entanto, é um equipamento irrelevante que poderia ser substituído por uma função de consumo médio de combustível, que falta na moto.
Os faróis têm ótimo desempenho, e o pequeno para-brisa ajuda a cortar o vento. Os retrovisores da unidade avaliada, por sua vez, se mostraram muito moles, o que pode ser um problema no futuro. Em nosso teste, acima de 110 km/h, as peças dobram e fica difícil olhar no espelho, o que compromete a segurança em mudanças de direção.
Nova Shineray Storm 200 por R$ 18.990
Mesmo parada, a moto de 194 kg não é difícil de manobrar. Visualmente, fica claro que ela não é destinada a enfrentar terrenos off-road pesados — o para-lama, por exemplo, fica muito próximo da roda e pode quebrar com o acúmulo de lama. Além disso, dependendo do terreno, os pneus de 17 polegadas são pequenos para superar crateras e pedras grandes.
Ao ligar a moto, o som do motor é empolgante. Nas primeiras voltas, é possível sentir a agilidade da Crossover no trânsito de São Paulo, onde a testamos. É fácil ganhar velocidade, especialmente devido ao câmbio de seis marchas com relações super curtas.
Veja a ficha técnica completa abaixo:
A transmissão curta tem pontos positivos e negativos. Se de um lado, permite ganhar o asfalto rapidamente na cidade, com arranques fortes, de outro atrapalha a fluidez na estrada e aumenta o consumo de combustível.
Assim, ainda que seja possível engatar a quarta marcha já aos 30 km/h, a rotação do motor ainda fica em torno de sete mil giros a 95 km/h, mesmo na sexta marcha.
Para comparar, a Honda Bros tem apenas cinco marchas, mas a quinta engrenagem é mais longa, fazendo com que o motor fique a 5.500 rotações na mesma velocidade.
Além disso, a Storm 200 também deixa a desejar na falta de precisão dos engates. No teste do g1, a primeira marcha foi difícil de engatar, sendo necessário tentar quatro ou cinco vezes até conseguir.
Farol possui o mesmo estilo das motos Big Trail da BMW
Divulgação | Shineray
Na condução, as ruas castigadas ou sem pavimento evidenciam os pontos fracos da Storm 200. A suspensão absorve demais as imperfeições do solo, transferindo tudo para as costas e braços do piloto, enquanto a rotação mais elevada da Shineray faz a moto vibrar excessivamente nas rodovias, gerando desconforto e uma certa insegurança.
Mas não se pode dizer que é uma moto monótona. Os 20,4 cv são suficientes ao que a moto se propõe, e as retomadas são empolgantes.
Os freios também são eficientes, funcionando bem com o ABS nas duas rodas — uma vantagem quando comparada às concorrentes, que possuem ABS apenas na roda da frente.
No teste, o consumo ficou abaixo do divulgado pela fabricante. Enquanto a Shineray informa que a Storm 200 alcança 38,4 km/l, a média aferida pelo g1 não ultrapassou 29 km/l. Com um tanque de 13 litros, a autonomia que deveria ser de 500 km fica em 377 km.
Mais do mesmo ou uma opção válida?
Por ser uma crossover, que reúne características de motocicletas city e trail, a Storm quer conquistar o consumidor que busca soluções interessantes para o seu dia a dia na cidade e viagens esporádicas aos finais de semana.
E com um motor mais potente que as rivais, a moto da Shineray pode roubar vendas de motos de categorias acima.
Por R$ 21.590, a Storm concorre com motocicletas pela faixa de preço e pela potência. Na sua faixa de preço, motos menos potentes não chegam a intimidar a Storm 200. Já pela potência, a Yamaha Lander 250, com motor maior, entrega os mesmos 20 cv e tem torque ligeiramente maior, com 2,1 kgfm.
Mas a Lander custa R$ 7 mil a mais. Confira:
Honda NXR 160 Bros com CBS: R$ 20.900;
Honda NXR 160 Bros com ABS: R$ 21.820;
Yamaha Crosser 150 S ABS: R$ 21.990;
Yamaha Crosser 150 Z ABS: R$ 22.190;
Yamaha Lander 250 ABS: R$ 28.590.
A Shineray Storm 200 não é só mais uma crossover, mas veio para incomodar as fabricantes tradicionais. Ainda assim, é preciso considerar que a tropicalização ainda precisa de ajustes.
Tropicalização é um processo que adapta um veículo produzido em outra região do mundo e é vendido por aqui. Essas adaptações consistem, por exemplo, em mudanças de suspensão e motorização — e a mais é a otimização do propulsor para uso da peculiar gasolina brasileira. Isso porque 27,5% da nossa gasolina é composta de etanol.
Esses ajustes de engenharia precisam ser feitos para países como o nosso para evitar falhas de funcionamento e desgaste prematuro do veículo.
Assim, no caso da Storm, fica claro que ainda a fabricante ainda precisa afinar a tropicalização da moto, uma vez que ela ainda apresenta falhas em baixas rotações.
Com a maior participação de mercado da Shineray e suas motos chinesas, sobretudo por serem mais equipadas, tende a forçar atualizações de outras fabricantes.
Confira abaixo os principais pontos positivos e negativos da Shineray Storm 200:
✅ Agilidade;
✅ Prazer ao pilotar;
✅ Freios.
❌ Consumo de combustível;
❌ Suspensão;
❌ Vibração do motor.