Vendedores chineses na Amazon planejam aumentar os preços ou abandonar o mercado dos EUA

Em entrevista para a Reuters, a chefe da associação que reúne mais de 3 mil vendedores da plataforma afirmou que as tarifas americanas podem acelerar rapidamente a taxa de desemprego na China. Ilustração da empresa Amazon, gigante do ramo de tecnologia
Getty Images
Empresas chinesas que vendem produtos no mercado americano da Amazon estão se preparando para aumentar os preços nos ou abandonar o mercado dos Estados Unidos. Segundo a agência de notícias Reuters, a decisão é pautada pelo aumento de tarifas do presidente Donald Trump.
Trump anunciou, na tarde desta quarta (9), o aumento para 125% das importações de produtos chineses. A medida tem efeito imediato.
“Isso não é apenas uma questão de imposto, é que toda a estrutura de custos fica completamente sobrecarregada”, disse Wang Xin, chefe da Associação de Comércio Eletrônico Transfronteiriço de Shenzhen, que representa mais de 3.000 vendedores da Amazon.
“Será muito difícil para qualquer um sobreviver no mercado dos EUA”, ela disse à Reuters.
Alguns vendedores estão tentando aumentar os preços nos Estados Unidos, enquanto outros buscam novos mercados, disse Wang.
Ainda segundo a chefe da associação, as tarifas vão impactar severamente as pequenas empresas e os fabricantes da China. Além de acelerar rapidamente a taxa de desemprego do país.
Guerra comercial com a China
Trump eleva para 125% tarifas contra China
A decisão de aumento das tarifas é mais um episódio da nova disputa comercial entre EUA e China, iniciada pelo tarifaço de Trump. No último dia 2 de abril, o norte-americano anunciou taxas de importação de 10% a 50% sobre 180 nações de todo o mundo. De lá para cá, houve retaliações entre os dois países, subindo tarifas.
Os EUA haviam imposto uma taxa de 104% aos produtos chineses, que entraria em vigor nesta quarta. Em resposta, o Ministério das Finanças da China anunciou que subiria tarifas para 84% sobre os produtos americanos. (Saiba mais abaixo).
“Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato”, escreveu Trump em sua rede social.
O republicano disse esperar que, “em um futuro próximo, a China perceba que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”.
Na mesma publicação, o líder norte-americano anunciou que irá reduzir para 10% as taxas recíprocas a outros países, pelo prazo de 90 dias. Ele se referiu à decisão como uma “pausa” no tarifaço, que há uma semana resultou na escalada da guerra comercial global.
“Autorizei uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato”, escreveu Trump.
O republicano afirmou que a decisão teve como base o fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos EUA, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR (agência do governo para o comércio exterior), para negociar uma solução ao tarifaço.
“Esses países não retaliaram de forma alguma contra os EUA”, acrescentou.
Na prática, os EUA passam a ter agora uma taxa geral de 10% sobre quase todas as importações do país, o que inclui produtos brasileiros. Tarifas específicas já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, não são afetadas pela medida — e continuam valendo.
Entenda como a tarifa sobre a China chegou a 125%:
No início de fevereiro, os EUA aplicaram uma taxa extra de 10% sobre as importações vindas da China, que se somou à tarifa de 10% que já era cobrada do país, chegando a 20%;
Na quarta-feira da semana passada, dia 2 de abril, Trump anunciou seu plano de “tarifas recíprocas” que incluía uma taxa extra de 34% à China, elevando a alíquota sobre os produtos do país asiático a 54%;
Após a retaliação chinesa que também impôs tarifas de 34% sobre os EUA, a Casa Branca confirmou mais 50% em taxas sobre as importações chinesas, deixando a tarifa sobre o país no patamar de 104%.
Com o anúncio de que a China irá elevar a 84% as taxas sobre os produtos norte-americanos, Trump decidiu subir para 125% a tarifa contra os asiáticos, na mais nova ofensiva.
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